sábado, 8 de junho de 2024

VOAR

A chávena de café 
fumegava sozinha
A mesa onde estava
era a mesma onde alguém 
estivera sentado.

Talvez fumando rapé.

A sombra  dele estivera ali pertinha
que meio lado do sol quebrava
ia agora muito mais além
sem vida sem vontade esgotado.

As sombras não têm sorriso nem fé.

Antes houvera um tesouro
uma alma predestinada
Era um corpo magro mas lindo
era um naco de sabores sentimentais

O amor é isto  é o corpo a arder.

Por isso era sombra uma voz de besouro
a minha luz bramia angustiada
lá onde os anjos se amam num tempo infindo.
Ela era o meu anjo com asas de pardais

Voar era destino depois de a perder.


Jorge d'Alte




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