Era um macaquinho e não o era
- Imitava!
Chorou quando nasceu
respirou quando gritou
e como todos falou e andou.
Hoje imita os velhos
Arrasta os pés e os artelhos doem
vê o que quer ouve o que lhe convém
mas lê com amor cartas de outra era.
- Criança!
Foi uma criança cheia de sonhos
misturou letras com números e cresceu
brincou na imaginação, cantou feliz
- Adolescente!
Apaixonou-se por uma ela
quis ter um futuro mas ainda o tempo não era.
Chorou umas lágrimas diferentes tinham dor e dor
não se resignou olhou o horizonte e caminhou para lá.
A tristeza veio depois nas noites longas sem calor
- Adulto!
Tornou-se num jovem culto
tinha lábios para beijar um corpo para amar
corria para o horizonte onde o sonho o levava
Escreveu cartas e mais cartas á sua amada
quando nos frios da guerra lutou.
- Hoje!
Vive com a saudade nos olhos
- A Amada!
Partiu numa madrugada, descarada com a morte.
- O Tempo!
Parou nessa madrugada
deixou angustia, tristeza, perda
um sol parado na geada, o gume cruciante
a obrigação de viver até um dia.
Jorge d'Alte
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