quinta-feira, 1 de março de 2018

DIÁLOGO





Ordenei à razão, que parasse
a sua cacofonia. Não quero saber!
grita o coração e risca
a perpendicular. Até aqui sou eu!
Tu és o ali, o acolá!
Com faca de talhante corta a eito
de cima para baixo separando-me o peito.
Dependurada, a razão pica
Vez o que fizeste?
Tu coração és cego
como farol dum calhambeque.
Eu sou a auto-estrada segura
onde nunca ninguém se perde
eu penso!
Tu apalpas, caindo vezes sem conta
tropeçando a cada instante,
numa qualquer raiz…
Cala-te! Eu sinto o que tu não vês
tu vestes-te de branco e preto
onde fica o cinzento?
Tu és quadrada e opaca

no translúcido eu sou a tua sombra
e esgueiro-me como lebre
por ente os teus pontos finais
e interrogações. A minha trajectória
é a diagonal! O sabor é esticado até aos limites
sou como sol e na minha gravidade,
todos giram. Estás louca é o que é!
A razão tem sempre razão!
Por isso sou perpendicular
o meu ângulo é recto o teu é circular.
Enquanto ferves nesse amor
eu gelo o teu calor e domino-te
como domador. Que dizes?
Não venhas com mansas falas!
Não te a trevas a seduzir-me!
Está quieta, não digas isso…
Eu sou a razão! Mas tens razão!
Eu amo-te coração!






Jorge d'Alte

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