sábado, 7 de novembro de 2020

NOVEMBRO

 




É Novembro de dias murchos, esmaecidos,
encharcados na tristeza da babugem das cores.
Vermelhos esbatidos, em castanhos e mel
com abelhas beijando o que restou da cor.
Um livro de nostalgia do que fora a Primavera caída
com geadas de melopeias cristalinas abraçando
a morrinha lenta e leve que molha tolos.
Tolos que não sabem ver para lá dos olhos
tolos que vivem apenas dentro de si.
Crianças de gorro e cachecol chutam 
folhas velhas apodrecidas, como aguaceiro,
e o vento mordaz leva-as no seu colo
como bebés depositando-as nos seus berços.
Lia tudo isto com as saudades do que a vida fora.
A vereda intriga-me os olhos, Paro e escuto.
Sinto os anos a passarem em solilóquios
como sinto as neves que me gelarão.


Jorge d'Alte








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