sábado, 28 de novembro de 2020

SILABAS

 

Meu Deus, tantas silabas sibilinas,
como folhas pintadas no  agreste outono.
Nenhuma era o que a outra era,
mas ambas vingavam pelas causas perdidas
atiradas e espezinhadas nos beirais da agrura.
Silabas, 
ceia de palavras nostálgicas,
raminhos verdes, esperanças,
sol que é inferno onde não há 
outono e inverno, nem primaveras
de olhos de mel,
ou flores frouxas de seivas idas.
no verão.
Silabas,
favos guardiãs de emoções,
palavras que sugam letras
como o beija-flor suga o néctar,
no regaço da paixão.
Meu deus! Tantas palavras,
umas cruzadas na esgrima dos sussurros,
nas praias deleites do desejo.
Meu Deus! Tantas palavras,
entrelaçadas como madressilvas,
silvestres e doces.
Tantas e tantas silabas,
pelo teu corpo e alma,
escritas,
e nenhuma escreve o meu nome. 



Jorge d'Alte

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