domingo, 7 de janeiro de 2024

NO MEIO DAS SEARAS

 No meio das searas
que ardiam no meio sol
ela amargava na sua voz de rouxinol
ceifando como ceifara o seu íntimo de alma
amargurada na mágoa e na tristeza.
As lágrimas secas antes de choradas
sulcavam na sua mente rasgos de dor dorida
dores que a habitavam depois da alma caída
dobrando-a pela cinta enquanto ceifava,
ceifava e ceifava,
ao sabor do vento ao sabor cruciante da desdita.
O dia fizera-se noite depois da alvorada
trazendo um céu soturno sem a lua alva
quando a notícia a cortou em duas abas
a incredulidade e a negação
rasgando- a e destroçando-a.
O seu principezinho não tinha voltado
Fora ceifado cedo da vida risonha
num campo sem arvores e flores, com algumas searas
e um chão encharcado de lágrimas e sangue.


Jorge d'Alte 

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