A dor estava ali saltitante!
Espetava ali, espetava acolá
O seu sorriso era esfuziante.
Encontrara morada mesmo lá
no coração feito em cacos
Como é bom este saborear!
Sorver o pus em simples nacos
e cada vez mais fundo retalhar
Ó delicias nunca encontradas!
Clama pela tristeza sua amiga
Chama pela saudade abraçadas
Juntam-se assim para uma briga
Cada uma tenta sem dó ganhar
A tristeza lança a lágrima agora
A saudade insinua-se a latejar
Mas a dor ri-se delas e na hora
Lança mais um pico e espeta
Agora é a alma que sente e geme
E a tristeza destra lança a sua peta
Tentando pôr-se na frente ao leme
A saudade retalia com a distancia
Agora a angustia foi chamada
Mas a dor em última instancia
já não espeta, é ferida inflamada
Infetando o sangue com mais dor
Roendo o louco desejo e a emoção
Rompendo de vez a réstia do amor
Deixando um ser sem alma e coração.
Jorge d'Alte
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