A noite caíra
A lua gaiteira espreitava
A brisa em surdina cantava
Os brejos e os salgueiros ondulavam....
As margens deste rio que saíra
em gargantas estreitavam
e o som rouco gemido que se ouvia
eram de corpos que como seixos rolavam
As peles tensas e roídas
pelo cume nunca dantes alcançado
eram agora gotas de amor suado
que se iam num arranhar doridas
num desejo que não se via
Ai amor abraçado
ai beijo prenhe de gozos gozados
rebentando neste rio
em cataratas de calores gelados
que abrasam neste frio
em emocões desgarradas
deixando nas almas o odor
o cheiro húmido de madrugadas
como hino ao amor.
Jorge d'Alte
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