quarta-feira, 3 de março de 2021

HINO AO AMOR

 A noite caíra

A lua gaiteira espreitava

A brisa em surdina cantava

Os brejos e os salgueiros ondulavam....

As margens deste rio que saíra

em gargantas estreitavam

e o som rouco gemido que se ouvia

eram de corpos  que como seixos rolavam

As peles tensas e roídas

pelo cume nunca dantes alcançado

eram agora gotas de amor suado

que se iam num arranhar doridas

num desejo que não se via

Ai amor abraçado

ai beijo prenhe de gozos gozados

rebentando neste rio

em cataratas de calores gelados

que abrasam neste frio

em emocões desgarradas

deixando nas almas o odor

o cheiro húmido de madrugadas

como hino ao amor.



Jorge d'Alte





 

 

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