segunda-feira, 8 de março de 2021

O DESEJO

 Na noite fria a alma partiu sozinha

despida de preconceitos

plena de Fé e Esperança

e na viçosa e linda folha da vida rolou, rolou

até ser cristalina pinga que não cai

Ali ficou na eternidade

esperando que uma outra se lhe juntasse

e nesse fundir engrandecedor

seu peso a fizesse cair de amor

nesse lago fresco e abrasador

onde as vontades crescentes de desejo

são emoções e sentimentos perdidos no ensejo

que em diferentes direcções transpiram

nessa pele suada quente e amada

onde é corpo e é alma

onde é estrela brilhando

nesse firmamento de encanto

riscando o céu do desejo

como estrela cadente até ao beijo 

Escala agora essas planícies

de fauna pélvica até aos duros seios

escrevendo nesse rumo um trajecto perfeito.

O desejo é agora unhas cravadas na carne

é dor que não se sente

pois sendo dilacerante é diferente

não é grito nem murmúrio, é gemido

que num ultimo fôlego alcança

o cume em desafio

e ai sim foi grito abafado

desejo escorrido e acabado

que rola rola esvaindo-se no tempo

deixando o corpo tumefacto

delirante ardente, esgotado e fremente.

Agora ficam os passos que em opostos se vão

gotas que rolam sopradas por ventos contrários

que na imensidão do horizonte se vão diluindo

tornando-se de novo almas

que um dia por acaso, em paixão

desejaram o desejo.



Jorge d'Alte





 

 

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