Chovia chuva por todo o lado
cortina que brilhava nos relâmpagos
na janela acesa a tua cara
olhava o horizonte petrificada
seu amor estava lá na montanha
o rebanho e o cão a seu lado.
Irrequieta, melindrada em bicos de pés
esperava entoando memórias que criara.
Plantara-as num crepúsculo sem estrelas
lá por detrás das nuvens prenhes
cheias da aflição que lhe roía a alma
na escuridão que grassava
com sombras sombrias tenebrosas.
A espera contraia-lhe as faces numa meia alegria
Longe dela mas no seu olhar
uma luz de candeia tremeluzia.
Empinou o seu peito numa heresia
sentiu o prazer voando no seu sangue
soltou no vento agressivo um nome perdido
sua boca beijou de desejo
a imagem dele nu a seu lado
os corpos iriam se agarrar
aquecer o gelo para amar
junto á lareira com carvão ardido
e o cão a olhar.
Jorge d'Alte
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