sábado, 26 de setembro de 2020

A HORA DO PECADO

 

O som da música ritmava o seu ardor cada vez mais rápido cada vez mais desejado e os seios dela cresceram duros de mamilos e a pele derretia-se numa cama de suor ardente e gélido.
Agora cavalgava numa longa pradaria tendo como fito a montanha que crescia nos seus olhos e dentro dele.

Sentiu as garras dela como falcão caçando no seu dourado corpo. 

Sentiu o sangue correr nas veias como alimento.

Sentiu-o também brotar dos longos rasgos no seu dorso.

Voou com Ela siando no ar quente.

Rodopiou em acrobáticas voltas e subia a montanha de novo numa cavalgada sem fim como garanhão implacável.

No alto atingiu o céu desfazendo esse leque de estrelas como pedra que atinge o charco num xaile ondulado, num momento a dois que era dela e seu.
Fechou os olhos arrastado no gemido sem fim que lançou agarrado e foram como sinos tocando badaladas de desejo.
O lago de suor era a sua cama onde nadava nos beijos. 

Seus   lábios eram poesias sempre belas nas palavras.
O sol rasgava a madrugada cantando a boa nova dele e dela mas na caverna parca iluminada os sonhos navegavam à deriva no sono.
Eram deuses no Olimpo  e a Terra era deles.
O corpo corria atirando a sua sombra em todas as direções. 

As mãos tentavam agarrar o tempo que fugia como areia fina escorregando cheia de grãos de emoções.

A boca aberta arfava o cansaço que saia em lufadas de ar morno e húmido.

O dia começara numa qualquer madrugada, mas era das sombras da noite que caia que ele tinha medo, por isso fugia....
O Pai decretara a lei.

 Chegara a hora do Pecado!

Nunca mais haveria eternidade de vida no Éden, pois o pecado acontecera e para a alcançar haveria nascer, vida, morte e eternidade....


Jorge d'Alte

 

 

 

 

 


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