O
Pai!
Filho, vês os olhos como eu vejo?
Criei um Éden cheio de maravilhas e Criei Ela para lá viver.
Não comas a maçã que te é oferecida em luxúria pois a luz alternará com as
sombras e estas trarão maldições e o fim da eternidade.
O corpo corria lesto atirando a sua sombra em todas as direções.
As
mãos tentavam agarrar o tempo que fugia como areia fina escorregando cheia de
grãos de emoções.
A boca aberta arfava o cansaço que saia em lufadas de ar morno e húmido.
Até ali
nunca houvera Tempo.
O
dia começara numa qualquer madrugada....
A caverna sempre escura era iluminada pelo fogo dos deuses que nascia da pedra
da terra aquecendo-a e iluminando-a.
Em volta o fumo azulado assobiava quando tocava na brisa e chispava aborrecidas
faúlhas que voavam e cobriam aquele chão de negro.
Figuras sentadas escutavam as falas nos deuses e o feiticeiro ditava a sua lei.
Ele o mais novo de tenros anos doze fora o escolhido.
Ela de onze seria a sua deusa quando casassem.
Fora escrito nas estrelas e quando estas, no céu de breu se juntassem,
casariam.
Quantos anos tinham decorrido desde então?
Ele
puxava pela memoria mas esta não respondia.
Como
podia se o seu corpo estava enfeitiçado embrulhado nos fumos e drogas de
sonho e o brilho das suas pupilas dilatava-se como faróis.
Sabia
que tinha de ser sem o saber.
A seus pés, Ela estava deitada arfante e desejosa em cima da folhagem verde e
fresca que servia de leito.
O
som que soltou sobressaltou-o, sentindo de imediato aquele arrepio pela espinha
acima entesando-o e o desejo sorriu quando retirou a tanga que lhe envolvia as
partes escondidas. Ela suava feromonas que atraiam ferozmente os sentidos dele.
Caiu sobre ela envolvendo-a no abraço sorvendo na saliva o mel.
Era
abelha pousando nos lábios da flor. Suas pétalas como braços apertaram-no no
amplexo e agora voavam para lá das estrelas pairando, lá naquele céu onde
os anjos voam.
O som da música ritmava o seu ardor cada vez mais rápido cada vez mais desejado
e os seios dela cresceram duros de mamilos e a pele derretia-se numa cama de
suor ardente e gélido.
Agora cavalgava numa longa pradaria tendo como fito a montanha que crescia nos
seus olhos e dentro dele.
Sentiu as garras dela como falcão caçando no seu dourado.
Sentiu o sangue correr nas
veias como alimento.
Sentiu-o
também brotar dos longos rasgos no seu dorso.
Voou com Ela siando no ar quente.
Rodopiou
em acrobáticas voltas e subia a montanha de novo numa cavalgada sem fim como
garanhão implacável.
No
alto atingiu o céu desfazendo esse leque de estrelas como pedra que atinge o
charco num xaile ondulado, num momento a dois que era dela e seu.
Fechou os olhos arrastado no gemido sem fim que lançou, agarrado e foram como
sinos tocando badaladas de desejo.
O lago de suor era a sua cama onde nadava nos beijos.
Seus lábios eram
poesias sempre belas nas palavras.
O sol rasgava a madrugada cantando a boa nova dele e dela mas na caverna parca
iluminada os sonhos navegavam à deriva no sono.
Eram deuses no Olimpo e a Terra era deles.
O corpo corria atirando a sua sombra em todas as direções.
As mãos tentavam
agarrar o tempo que fugia como areia fina escorregando cheia de grãos de
emoções.
A
boca aberta arfava o cansaço que saia em lufadas de ar morno e húmido.
O
dia começara numa qualquer madrugada, mas era das sombras da noite que caia que
ele tinha medo, por isso fugia....
O Pai decretara a lei.
Nunca mais haveria eternidade de vida no Éden, pois o
pecado acontecera e para a alcançar haveria nascer, vida, morte e
eternidade....
Jorge d'Alte
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