A
neve voava atroz, gritando hinos de medo no vento que voava de oeste.
A
tormenta endoidecida cavava através dos altos caules dos asbestos, um caminho
que não sabia.
A
casa pardacenta e descolorida gracejava ironias sobe o penhasco que quase a
envolvia.
A
sombra tolhida de um homem movia-se dançando por detrás das velhas cortinas
Talvez
alheado de tudo tentando caçar espasmos de emoções diluídas.
Vivia
agarrado á solidão.
As
memórias esbatidas daquele rosto curtido eram como estalactites suspensas
Umas
vezes pingavam e outras não deixando no seu coração poças e resquícios
bolorentos
Lágrimas idas chupadas no tempo e alagadas no fel do seu corrosivo sofrimento.
O rosto fértil de rugas cavadas iluminava-se na áurea do belo e o seu sorriso cavernava branco e singelo.
A vontade do dever levantou-o até ao quarto semiescuro onde ela parecia dormir.
Olhou-a
a bom ver e debruçado beijou-a na testa fria de mil e um nevões.
Embrulhou-a
em alvos panos e levou-a nos braços fortes como se a levasse risonha até ao seu
leito nupcial.
Por
momentos a tormenta era acalmia enquanto ele descia
Cambaleante
a ladeira de neve fofa.
Uma
cova desenhava-se na brancura tremenda.
Um
pequeno pinheiro fazia sentinela ali mesmo.
Depositou-a
lá dentro cheia das suas lágrimas ficando ali sentado esperando.
Foram
encontrados quando as flores romperam no seu ciclo de vida.
Sentado
na erva que crescia um corpo rígido e sentado ornado de flores parecia sorrir.
Olharam-no
de olhos vidrados deixando o mistério acontecer.
Jorge d'Alte
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