sábado, 5 de setembro de 2020

UM E OUTRO, MAIS OUTRO E UMA

 

Chegaram, quando o dia minguante gozava a sua sesta de luminosidade vasta.

Roía olhos e resquícios de sonhos como turbulento almofariz de cor alaranjada

Havia por ali rostos ansiosos no porvir.

"Um e outro, mais outro e uma" esgrimiam teses de “ses” aflautados nas vozes mimosas.

Quero ser…

Só quero tostão…

Astronauta é o que vou ser…

Mas tu és uma rapariga…

Podias ser médica e mãe…

Não há futuro nem posso ser mãe…

Somos crianças rastejando nos sonhos dos alquimistas do futuro.

Eu sonho a minha liberdade com o outro…

Eu sou a uma e sou amor no meu outro…

A noite chegou com meteoritos riscando a escuridão.

Não havia sombras pois não havia luz.

Por momentos a lua esgrimiu o seu meio olhar

Que pediria ela que eu não pedisse e o outro se deliciasse?

“Uma” amava pela primeira vez indiferente aos ecos do pecado…que sentiu o “outro”?

Um bocejo fê-los fechar os seus olhos pesados

e o sono caçou-os quando as estrelas se ofuscaram 

cantando seduções ao novo dia que aí vinha.

 

 

Jorge d’alte

 

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