sexta-feira, 12 de junho de 2020

CRIANÇAS DE SRBRENICA




Tristes são as manhãs de hoje                                                        
Em que o canto das aves                                                                  
Dá lugar ao suspirar moribundo
De tantas crianças inocentes deste mundo.
Ouvem-se gargalhadas caindo em novelos
Sobre níveos ombros e negros cabelos.
Brinca-se na mira com a criança que foge
Abate-se seu peito em nome de um mundo em que não cabe.
Fresco orvalho da manhã caindo
Pérolas lindas de um brilhante alvor
juntam-se aos gritos das mães e da dor.
Cobre-se do vermelho que se vai esvaindo
Corpos mornos caídos outrora viçosos
Agora gelados a apodrecer.
Quem eram estes moços?
Quem os amara?
Tanta dor a doer
Quando a fumaça das armas se dissipara.
Era um dia ameno de risonhas cores e o céu sereno
Quando um poder louco se abateu 
Pleno de medo raiva e vontade.
Resta chorar, resta a saudade
E perguntar porque aconteceu?
Era um dia ameno
De risonhas cores e céu sereno
Quando as crianças então morreram
Plenas de vida sonhos e vontades
Resta só dor, restam saudades
E perguntar, porque morreram?


Jorge d'Alte


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