Virus
Olhos escusos, agros, desmaiam na
incerteza que paira.
Procuro esse Adamastor nos virares de
esquinas.
Ruge ventos, roendo ruas vazias onde
ninguém é rei.
Caem secas essas lágrimas, despojadas da
cor da sua vida.
A lei baralhou-a execrável, cruciando-a
na barbárie do terror assumido.
Olhares perduram em janelas erguidas de
cortinas fartas de rostos.
Joelhos caem no chão puro e arrastam-se na míngua por
ar,
E as veias incham na boca aberta, num
corpo sacudido.
Tosse vermelho, no apego á vida que
escorre esmaiada.
A máquina veio cheia de tubos inseridos,
num arrepio de desdita.
Os olhos desgastam-se na visão que
partiu mesmo na ponta do apetecível.
O fim está ali esticado no vai-vem da luz modorra da
morte,
Como mãos erguidas numa prece que não se
quer vã.
A luta não tinha terminado, pois a boca
sorriu no esgar da vontade
O coração empunhou a sua espada, e no
retalhar, o sorriso voltou.
Jorge d'alte
2/06/20
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