Só
tenho um sonho quando os olhos se fecham!
"
Do meio do fogo a dor perfura como a bomba que cai ali perto.
As lágrimas secam de não chorar como o choque que tudo estremece e leva
A
parede ténue à qual me agarro é como trapo que ferro para não gritar
Esboroando-se
na berma no auge da insanidade.
Percorro
caminhos para onde a Fé está
Esse
local mágico onde não tenho mais de sonhar
Vivo
a água revolta que se espuma como bruma em escolhos assertivos
Escuto
os gritos, as vozes molhadas e sinto a mão que me eleva e me pousa na terra
seca
Sinto
no ouvido a voz estranha que me agarra e leva
Saboreio
o líquido quente que me aquece diferente
A
luta que labuta pela vida de Fé perdura no calcorrear de terrenos pérfidos
A
luz que vira ao fundo do túnel turva-se no ódio das raças que me despejam
Sou
detrito infeto que ninguém quer e as pernas doem de tanto moerem o sofrimento.
E
as chagas abertas que não posso fechar trazem a noite perene de longo luar
Já
não sonho!
Já
não tenho sonhos!
Os
sonhos mirram nos olhos abertos de noite e dia!
Não
tenho sonhos no amanhã nem no depois
Pois
os olhos fecham-se na fome de vida
O
orvalho que umedece a carne ressequida pinga na urze que sorri colorida.
Jorge d'Alte
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