sexta-feira, 12 de junho de 2020

SÓ TENHO UM SONHO



Só tenho um sonho quando os olhos se fecham!

" Do meio do fogo a dor perfura como a bomba que cai ali perto.
As lágrimas secam de não chorar como o choque que tudo estremece e leva
A parede ténue à qual me agarro é como trapo que ferro para não gritar
Esboroando-se na berma no auge da insanidade.
Percorro caminhos para onde a Fé está
Esse local mágico onde não tenho mais de sonhar
Vivo a água revolta que se espuma como bruma  em escolhos assertivos
Escuto os gritos, as vozes molhadas e sinto a mão que me eleva e me pousa na terra seca
Sinto no ouvido a voz estranha que me agarra e leva
Saboreio o líquido quente que me aquece diferente
A luta que labuta pela vida de Fé perdura no calcorrear de terrenos pérfidos
A luz que vira ao fundo do túnel turva-se no ódio das raças que me despejam
Sou detrito infeto que ninguém quer e as pernas doem de tanto moerem o sofrimento.
E as chagas abertas que não posso fechar trazem a noite perene de longo luar
Já não sonho!
Já não tenho sonhos!
Os sonhos mirram nos olhos abertos de noite e dia!
Não tenho sonhos no amanhã nem no depois
Pois os olhos fecham-se na fome de vida
O orvalho que umedece  a carne ressequida pinga na urze que sorri colorida.




Jorge d'Alte

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