segunda-feira, 8 de junho de 2020

Está?


Despejou o copo,
Enlaçou-me o pescoço.
- Faça o sacrifício por mim!
Aconchegou-se. 
Era toda ela uma seda,
Toda doces perfumes, toda onda de calor.
A sua mão segurou a minha e comprimiu-a
contra os seios.
Lá fora a chuva batia no vidro esborrachando-a num espirro,
empurrada pelo vento sibilante como cobra venenosa.
A sua boca vermelha e húmida aproximou-se da minha…
Tentadora, fremente em dentes alvos.
O telemóvel tocou, quebrando.
O momento caíra a nossos pés em cacos de desfeito encanto.
- Maldita monstruosidade!
Gritante necessidade com voz insistente, que exige resposta…

- Está?

Jorge d'Alte

Sem comentários:

Enviar um comentário