quinta-feira, 23 de julho de 2020

DOUTOS






Histórias e mais histórias,
enredos e destinos
para quem vive tão pouco.
Não podemos esperar na noite cega
sentados. Incendiemos no olhar o relâmpago,
o momento de gritar que estamos vivos,
que somos nós os deuses da esperança,
apelos que se quebram vazios por deuses falidos.
Rostos nossos, ranhosos na dor que mata,
sem lábias recitadas como magias,
lidas de livros sem contra capa,
onde os escritos vogam ao sabor da vaga
e são o que não eram, o que foram e nunca serão.
Metáforas de bocas abertas
escarrando mentiras sobre mentiras,
ginásticas de doutos, tirando as pedras centenárias,
que erguiam igrejas em caminhos dolorosos mas verdadeiros,
deitando-nos areias para os olhos,
dando-nos novas vias no modernismo da Palavra,
e templos com telhados de vidro.
Arquitectos diabólicos de ateus e agnósticos,
com sorrisos de anjos brancos e asas curtas,
pregadores satânicos de fogos infernais
e deuses cegos e surdos no faz de conta.

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