sábado, 11 de julho de 2020

RETRATO





Casas de paredes velhas
contorcidas por calçadas escorridas
escadas cinzentas e rudes
que nos levam nos degraus da idade
até ás muralhas
trepando o alcantilado da Ribeira até à Sé.
Gentes de faces curtidas de vozes roufenhas
do vento norte, dos nevoeiros sebastianinos
que em rolos encobrem as pontes onde repousam
sombras de gaivotas.
Vozes cristalinas que cantam enchendo a cidade
arvorando nas varandas e janelas coloridas peças
de roupa a secar e vasos de sardinheiras.
E o rio passa prazenteiro com correntes douradas
levando na sua esteira peixes saltando e barcos.
E os namorados sentados nos banquinhos ripados
prometem com palavras meigas, fazendo figas por detrás.


Jorge d'Alte



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