Arribas suspensas sobre casario adormecido
onde as
sombras se encolhem em ruas apertadas
que gingando
se espraiam até ás longas avenidas.
A idade fere
essas pedras gastas e enrugadas.
As cores,
outrora garridas, perecem agora num tom esmaecido
enquanto que
lá em baixo, as lágrimas perdidas
correm em
correntes d'ouro e redemoinhos, levando-as até ao mar.
A maresia
sobe em ventos, com gaivotas a pairar
trazendo ás
gentes desta cidade, novas desse mar
onde
pequenos barcos ondulando vogam, de cá para lá
trazendo nas
suas redes e arpões, peixes a saltar.
E de
quando em vez ,as gentes estão lá
perdidas na
praia, gritando a Deus, que não os leve já
e que
a tormenta rebentada
que explode
na praia num carrancudo turbilhão,
não traga na
espuma que fica
o nome
querido, de gente afogada
nem a perda do seu ganha pão.
As lanternas
brilham, os gritos morrem
e as rezas
choram o até já
enquanto que
de joelhos na água salgada, as almas imploram e sofrem.
No outro
lado, nas grandes avenidas, fica a gente rica
Os shoppings
enchem-se de gente de outra vida.
Enfardam-se
os papos, de gorda comida
Vêm-se
cinemas a abarrotar
e a lufa
lufa do dinheiro, lá vai enchendo os sacos.
Escadas
chiando rolam sem parar
e a azafama estressa, em pequenos nacos.
Nos
amarelinhos, partimos numa viagem por trilhos
Monumentos
desfilam, entre praças, parques e jardins.
Lojas
brilham entre roupas e afins
E se queres
sarilhos
então visita
os bairros erguidos
onde em
janelas espreitam, gente boa e foragidos
Subindo e
descendo em penosas colinas deparamos com a Sé
onde
antigamente, o gentio se arrastava em fervorosos atos de Fé
Mas descendo as velhas calçadas, de pedra cortada
vemos o
antigo, muralhas bolorentas e a grande arcada
e bem lá em
baixo corre pachorrento até á barra, o Douro, nosso rio
trespassado
por pontes que unem a vida
e por baixo,
nas margens alcantiladas
os cafés, os
bares as tasquinhas por jovens e velhos são procuradas.
Olhando
essa grandiosidade, sinto um longo arrepio
tantas
histórias guardadas, tanta dor suportada, tanta história vivida
e com
orgulho, enfrento a agreste nortada
que me
arranca dos olhos, lágrimas de verdade
e mesmo que
esses ventos, a minha voz abafem
eu grito
mesmo sufocado, esta é a minha "Invicta e Nobre Cidade"!
E para
aqueles que nela vivem, que a merecem, sentem e sabem
ela será
para sempre, a nossa amada!
Jorge d'Alte
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