Do alto o sol comia as sombras no seu divagar,
encurtando-as ainda vivas e mornas
até ás alvas paredes silenciosas da igreja.
Como alma albergava dentro tantas ladainhas, murmúrios
indecisos, tiquetaques retumbantes como preces
taças de mel e fel, livros de reclamações de
desejos e milagres,
lavatórios de ódios, mó que mói as dores até ao
âmago
levando-as sem pejo até ás suplicas, em arrastares
sangrentos pelas pedras rugosas desse caminho,
que vence no átrio, onde os rostos se juntam nas
lamurias
entre confissões que já eram e bênçãos que geram
novos pecados.
E a sombra morreu no apogeu solar, sentindo cair o
fogo do astro redentor,
no momento em que o sino solitário,
desperto da sua modorra letárgica, badalou.
Jorge d'Alte
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