terça-feira, 28 de julho de 2020

ESQUELETOS


 

 

 

Esqueletos,

rangem pingos de tristeza.

Pobres espetos,

tudo perderam nos alvos ossos - A beleza!

Já não olham porque perderam olhos

que não souberam ver.

Já não falam engoliram línguas -  Molhos

de vozes deglutidas do querer.

Já não escutam esses sons dourados

que tiniam em murmúrios escorregadios.

Já não percorrem os escolhos arriscados

tirando à vida o gosto desses passos fugidios.

- A alma,

rolou no meio de lama,

transformou-se em lodo peganhento,

cresceram por dentro ervas de desespero

nesse campo agora nojento

desfeito e áspero.

Os corvos de negro vestido - vieram.

Rasgaram as carnes até aos ossos,

e chupados ali os deixaram,

dantescos colossos,

absoletos;

Esqueletos.


Jorge d'Alte

 


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