segunda-feira, 13 de julho de 2020

PORQUE TE AMEI?



Queria que a rosa esmagada, antes bela e "carminzada"

tivesse sido a gota de juízo que faltava,

mas o mundo virara tudo do avesso.

Os joelhos rasgavam-se nos meandros do desespero, dele.

A súplica arrastava-se na terra esgravatada e arranhada

e as unhas partiram-se ensanguentadas de infelicidade

na pedra polida, branca e gelada.

Era coisa que se fizesse?

Mas fora feito no auge emocional do desespero – desculpas!

Afinal quem o mandara amar?

Ela mulher talhada no gelo fechara-se na concha do belo

e não desceu do pedestal enfastiada com tanto degrado.

Quem seria esta intrometida? (era ele o pensativo)

Nem na mão estendida pegara,

nem carinhos de sussurros chilreantes

cantadas ao ouvido, houvera.

Nada, foi tudo o que esta lhe deu,

mulher da vida, rameira da amizade,

onde o sentir dos sentimentos entorpeceu.

Ionona evolada como véu de violeta rendado da névoa,

era o limite do olhar com limoselas grudadas nos cantos

e o “dentro” chorava as dores do mocetão.

Mas afinal para onde tinham ido as estrelas?

(Não estavam neste céu, não!)

A noite espraiava-se na bela aurora que trazia o novo dia.

O pesadelo iria pôr-se para lá do sono em brumas de memória.

Esquinas, marcas, portas e janelas… vidraças…

Mas que foi feita dessa estrelinha de magia?

Essa companheira de estrada…essa bolinha de algodão doce

de multi-sabores?

…Pois partira um dia como trigueira ceifada!

Ai dor dorida que queimas as entranhas. Vai-te maldita!

Só o sonho a pode trazer de volta, figura de gás que não se toca,

Apenas se inventa no desejo!

 

 “A desejada estava ali enterrada, ossos descarnados de mulher 

roídos já pelo tempo, farrapos daquilo que fora outrora,

num céu azul de pássaros amarelos e borboletas de primavera

Uma rosa encarnada no meu jardim!


Jorge d'Alte


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