segunda-feira, 20 de julho de 2020

PARA ALÉM DA DOR


 

Para além da dor

nada fazia sentido.

(E nós ali)

Som efémero e insignificante

ou imediato aterrador.

Convocação para a morte

como gotejar de um regato

o eco do fluir do intelecto

da consciência de si próprio.

Pedra a rolar perante a inevitabilidade do rio

pena nas asas do vento; eu,

ramo de salgueiro sorvendo; ela,

à espera da chama devoradora.

Depois quando os ossos e os tendões

já não podem mais,

quando os olhos e ouvidos já não distinguem

a forma, o som,

quando a mente emerge da tempestade

limpa e nua, era charco parado

receptáculo para a vontade

e assim foi continuidade permanente,

união de almas; elo,

compresso no cumulo; êxtase.

No singelo, como flor colorida adejando na brisa,

tu e eu,  sussurrando na pele salgada e brilhante.

 

 


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