sábado, 18 de julho de 2020

O ULTIMO MOMENTO


 

 

Sinto

a agonia do alento

a força vencida gemendo.

Pinto

de olhos fechados sem tento

este roer insidioso que me vem comendo,

tornando os segundos mais pequenos,

tirando o presente ao futuro

em pôr-do-sol serenos,

encostando a minha vida contra esse muro.

Revejo a minha vida em alta velocidade,

como filme proibido repassado

e aquilo que construí numa eternidade

resumiu-se a um efémero bocado.

Baço

é a minha visão esvaindo-se

no agora, para lá do além.

Faço

vejo meu amor, teus olhos chorando sorrindo-se

e levo-os comigo também.


Jorge d'Alte




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