segunda-feira, 20 de julho de 2020

ESCUTA, AMOR!

 


 

Quando eu partir, amor

e me for diluindo no teu pensamento,

deixa fugir o sorriso

que eu o beijo com fervor.

Não soltes o teu lamento!

Como pavão me iriso

e em cada cor da paleta sentirás,

o melhor do meu intimo.

Não sei para onde vou

que palavras gritarás,

até que cume chegarei, oh triunfal cimo!

Aí serei o que sou,

sem ventos que me roubem as palavras,

sem nevoeiros que ofusquem a lembrança,

sem grilhetas e mordaças,

que levem para sempre a esperança.

 

Gostaria de ter sido o teu herói,

de ter vencido o fantasma da morte,

de te ter podido dar a fortuna da eterna felicidade,

mas fui apenas mais uma alma terrena que sonhou,

e esse bichinho que rói e rói,

que me tornou num feliz consorte,

me levou até a ti sem vaidade

e te deu tudo o que de bom tinha, quando te amou.


Jorge d'Alte

 

 


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